terça-feira, 31 de agosto de 2010

SAIBA MAIS UM MAL QUE O CIGARRO CAUSA A VOCÊ

Cigarro afeta vitaminas da pele e
prejudica processo de cicatrização

Cirurgiã plástica explica os males do fumo para a pele no processo de intervenção. Cada vez mais homens e mulheres estão preocupados com a aparência, mas os que fumam se esquecem que o cigarro é o grande vilão da saúde e da beleza. Além de causar dependência, o fumo compromete a cicatrização da pele após as cirurgias pois ele diminui a circulação sanguínea natural.
A combinação de nicotina e cirurgia plástica não é recomendada. Edith Kawano Horibe, cirurgiã plástica, PhD pela Faculdade de Medicina da USP e presidente da Academia Brasileira de Medicina Antienvelhecimento (ABMAE) alerta para o pronlema.
— Não há como ignorar os reflexos negativos do fumo. A recuperação é mais prolongada e existe um maior índice de complicações como, formação de necroses e problemas na cicatrização — explica a especialista.
Além do risco de necrose e gangrena, há a possibilidade de abertura da sutura e de a pele voltar a enrugar em razão da menor sustentação dos tecidos. Algumas cirurgias são mais suscetíveis a isso, como a de rejuvenescimento facial e as plásticas de abdomem, já que existe o desdobramento e o tracionamento da pele, podendo apresentar dificuldade de cicatrização.
A pele corresponde a 40% do peso corpóreo e, consequentemente, qualquer alteração que ocorra com o organismo, afeta-a diretamente. Quando os pulmões respiram mal, diminui também a taxa de oxigenação da pele. Com isto, todas as funções metabólicas ficam alteradas, desencadeando o envelhecimento precoce.
— O fumo afeta diretamente a quantidade de vitamina A, C e E (antioxidantes naturais) presentes em grande quantidade na pele, os quais neutralizam as radicais hidroxilas (OH). A falta de vitaminas diminui a resistência da pele aos radicais livres e afeta a síntese de colágeno — afirma a cirurgiã.
As causas mais frequentes do vício são a ansiedade do dia-a-dia, a vida profissional agitada, estresse e tantos outros fatores, onde o cigarro torna-se um subterfúgio que leva à dependência química.


Fonte: http://www.antidrogas.com.br/mostraartigo.php?c=2029&msg=Cigarro%20afeta%20vitaminas%20da%20pele%20e%20prejudica%20processo%20de%20cicatrização

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

DICAS DE SAÚDE

Correr ou caminhar?


 
Qual atividade é melhor para emagrecer? Essa pergunta tão óbvia para muitos, mas tão escutada por mim nesses anos de treinamento, me despertou em relatar alguns dados importantes sobre essas modalidades associadas a perda de peso. Quando iniciamos uma prática de atividades físicas, é comum estarmos descondicionados para começarmos com uma corrida.


Dessa maneira, até por forças da circustâncias, acabamos optando pela caminhada. Passado algum tempo, por condições normais de melhora do grau de condicionamento físico, a caminhada começa a perder espaço para pequenos trotes, para corridas intervaladas com aminhadas mais intensas, até por fim se sobressair somente a corrida. Essa é a história natural do começo de quase todos corredores...

Mas enfim, se formos ver por esse prisma, a corrida é um grau mais avançado da caminhada ? Depende, pois se levarmos em consideração que essas duas atividades são cíclicas (movimentos repetitivos em sua execução), que ambas são predominantemente aeróbias, e que permitem um grande tempo em sua execução, qual modalidade teria mais vantagem sobre a outra ?

Aí que entra o dicernimento sobre seu objetivo. Se já temos a compreensão que atividades longas, de baixa intensidade, são as melhores para queimas de gordura, deveremos perceber como está o condicionamento do praticante para distinguirmos se é melhor caminhar ou trotar leve. A idéia é elevar a F.C. num patamar entre 65 a 70% da F.C. máxima e possibilitar a esta pessoa, uma sensação de conforto que permita a atividade por uma longa duração. Dessa maneira, estará sendo executado a opção correta que otimizará a queima de gordura.

De nada vale correr numa intensidade mais elevada, pois a mesma exigirá um suprimento de energia que terá como sua principal fonte a queima de carboidratos. Até então, toda essa explicação vem do lado fisiológico. O que muitos profissionais acabam não se importando, é sobre os outros sistemas que são fundamentais para tais modalidades.

Digo, o sistema músculo esquelético, que compõe os ligamentos,tendões, articulações, músculos e ossos. Esse sistema, com uma escolha inadequada da atividade, é o que sai mais castigado e se torna o grande limite de uma maior aderência a prática dessas atividades. O que quero mostrar, que muitas vezes, pessoas com sobrepeso estão aptas "do ponto de vista cardio-respiratório" a fazerem um trote, mas não na parte de tendões e articulações. A prática do trote, com movimentos de impacto repetitivos, acaba gerando no decorrer do tempo, o início de algumas lesões que podem ser extramamente prejudiciais no futuro dessa pessoa.

Daí a importância de um trabalho paralelo, de fortalecimento muscular, nas regiões musculares que circundam as articulações mais solicitadas na prática dessas modalidades, que seriam os músculosestabilizadores de uma boa postura, fundamental para a parte biomecânica tanto da caminhada como na corrida. Feito esse trabalho simultâneo, também devemos se atentar para um boa biomecânica da marcha, com exercícios educativos e corretivos, que terá influência direta na biomecânica da corrida.

Uma pessoa correndo numa postura mais adequada, sofrerá um índice muito menor de lesões e desenvolverá em seu corpo, um grande potencial de solicitação muscular, que fará a diferença no futuro. Por tudo isso que relatei, aos corredores que substimam a caminhada, reflitam como ela pode ser vantajosa no ponto de vista biomecânico e aos caminhantes aspirantes de corrida, percebam como a mesma deve ocorrer gradativamente do ponto de vista cardíaco, respiratório e muscular.

Dessa forma, acredito que a caminhada e a corrida se completam, dependendo da pessoa e da fase de treinamento em que se encontram.

Fonte: http://www.corredorderua.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=22:bicicleta-no-treino-de-corrida&catid=11:find-your-self&Itemid=82

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Associação defende política de longo prazo para combater o crack

Da Agência Brasil



Brasília - A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) faz um alerta

para a necessidade de uma política de longo prazo voltada à prevenção

do consumo do crack. “O crack é a crônica da morte anunciada. Há

muitos anos temos anunciado essa realidade ao governo. Sabemos

efetivamente que não darão conta do problema sem uma política a longo

prazo”, ressaltou, hoje (9) o diretor da ABP, João Carlos Dias,

durante entrevista ao programa Revista Brasil da Rádio Nacional.



Segundo estimativas do Ministério da Saúde, existem cerca de 600 mil

usuários no país. “Essa é uma droga cuja dependência é muito grave e

dificilmente o usuário consegue interromper o uso sem uma rede de

tratamento muito bem organizada”, destacou. “Para isso é necessário

que haja uma estrutura de médicos, psiquiatras, assistentes sociais e

bons hospitais para que o atendimento seja completo e tenha resultado,

algo que hoje infelizmente não existe”, completou.



Estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que acompanha há

15 anos os primeiros 131 usuários de crack identificados no começo dos

anos 90, na capital paulista, mostrou que cerca de 30% deles morreram

nos primeiros cinco anos. A maior parte das mortes foi por homicídio.

Esse estudo mostrou também as grandes dificuldades que os parentes

tiveram em achar algum tipo de tratamento para os usuários. “Se esse

estudo puder servir para avaliar o que ocorre no Brasil, como um todo,

teremos a morte de pelo menos 180 mil usuários de crack nos próximos

anos”, acrescentou.



O governo, como forma de reverter essa realidade, lançou este ano o

Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas. O

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) terá mais

R$ 100 milhões para ampliação de Centros de Referência de Assistência

Social (Cras), Centros de Referência Especializados de Assistência

Social (Creas) e do atendimento a jovens em medidas socioeducativas.

No total, serão disponibilizados R$ 410 milhões para ações de

assistência social, saúde e repressão ao tráfico.



Edição: Talita Cavalcante

terça-feira, 17 de agosto de 2010

O impacto das drogas na sociedade brasileira – busca de soluções

Ao longo dos últimos anos o Brasil sofreu um grande aumento do consumo de drogas. Infelizmente não houve uma mudança correspondente no vigor das políticas públicas que pudesse minimamente atenuar o impacto.

O objetivo desse documento é fazer um diagnóstico dessa situação e propor as melhores alternativas para o próximo governo.

Qual é a dimensão do problema das drogas no Brasil?

a) Álcool
O álcool é o responsável pelo maior problema das drogas no Brasil. A própria Organização Mundial da Saúde já apontou que nosso país, e na maioria dos países da América Latina, o consumo de bebidas alcoólicas é responsável por cerca de 8% de todas as doenças existentes. Esse custo social é 100% maior do que os países desenvolvidos como EUA, Canadá, e da maioria dos países europeus.

No primeiro estudo brasileiro, feito pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo) em 2006, que avaliou o padrão de consumo do álcool na população, mostrou que 11% dos homens e 4% das mulheres adultas eram dependentes do álcool. Essa alta prevalência tem um impacto enorme na sociedade brasileira, pois podemos dizer que cerca de 1 em cada 7 famílias tem alguém com problemas significativos em relação ao álcool. O impacto nas crianças também é grande, pois 1 em cada 5 crianças já presenciou violência por alguém intoxicado pelo álcool em casa.

O álcool contribui especialmente para o aumento da violência no Brasil. Na violência entre casais o álcool está presente em mais de 45% dos casos. Cerca de 50.000 mortes ocorrem no trânsito todos os anos no Brasil e pelo menos metade dessas mortes são devidos ao consumo de álcool. Mesmo com a introdução da chamada “lei seca” que alterou para zero a concentração de álcool permitida para dirigir, convivemos com 25% dos motoristas alcoolizados dirigindo nos finais de semana. Nenhum outro país desenvolvido ou em desenvolvimento apresenta números como os brasileiros. Somos muito atípicos no cenário internacional ao tolerarmos esse nível de pessoas intoxicadas dirigindo veículos.

Entre os adolescentes o álcool é a principal droga de abuso, com 1 em cada 7 adolescentes (16%) tendo episódios regulares de excesso de consumo. O padrão de consumo dos adolescentes brasileiros é de ingerir grandes quantidades em episódios nos finais de semana, expondo-os a uma série de riscos como: acidentes, gravidez não planejada, e também risco de consumir outras drogas ilícitas. Apesar de termos o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que proíbe a venda de bebidas para esse grupo, essa lei não é fiscalizada e está tornando o álcool a principal droga de entrada para um grupo substancial de jovens. Vale a pena destacar que embora o álcool seja uma droga lícita o uso pelos adolescentes é uma forma de uso ilícito de uma droga lícita.

Consenso Internacional sobre a Política do Álcool: No mês de maio de 2010 a Organização Mundial da Saúde passou uma resolução, apoiada pela grande maioria dos países, que busca a criação de uma política mundial sobre o álcool. À semelhança do que ocorreu com o cigarro a OMS criará as bases para implementar políticas baseadas em evidências em cada país. Essas políticas são: progressivamente aumentar o preço das bebidas alcoólicas, diminuir a disponibilidade social do álcool, proteger as crianças e os adolescentes da venda ilícita de bebidas, restringir a propaganda do álcool, reduzir o número de motoristas alcoolizados.


b) Maconha
A maconha é a principal droga ilícita utilizada no Brasil, com cerca de 10% dos adolescentes fazendo uso regular. Apesar do aumento regular do consumo dessa droga, fruto de uma percepção cada vez maior de que seja uma droga sem nenhum problema para a saúde, as evidências científicas cada vez mais apontam para uma série de problemas, como perda do rendimento acadêmico, acidentes de carro e aumento de uma série de doenças psiquiátricas como psicose e depressão. Estima-se que 1 milhão de usuários de maconha façam uso diário dessa substância, que são os dependentes.

Consenso Internacional sobre a Política da Maconha: Infelizmente pouco consenso existe sobre o que se deve fazer em relação à maconha. A maioria dos países está tentando buscar alternativas, mas até agora o consumo tende a aumentar universalmente. Com uma política mais liberal no Brasil estamos assistindo a um aumento de consumo maior do que a maioria dos países. Vários setores defendem ainda uma maior liberação em relação a essa droga, apesar dessa tendência de que cada vez mais jovens estejam consumindo maconha. Parece que estamos adotando uma política cada vez mais liberal, mesmo com resultados cada vez mais preucupantes. No mínimo o governo federal deveria ter uma posição mais clara sobre os riscos do consumo de maconha. Ao termos ministros de estado abertamente defendendo a legalização da maconha e até mesmo insinuando a defesa do uso torna o consumo dessa droga mais aceitável e a percepção dos riscos do seu uso mais leve.

c) Cocaína/Crack
O Brasil ficou livre da cocaína até meados dos anos 80, quando o preço de um grama dessa drogas estava ao redor de U$ 100, e a distribuição era somente para uma elite nas grandes cidades. Nesses últimos 30 anos a situação mudou dramaticamente. A partir dos anos 80 tivemos uma explosão do consumo de cocaína na forma em pó, fruto de uma dramática queda do preço, com um grama custando menos de U$ 2, e uma expansão enorme da rede de distribuição.

A partir de meados dos anos 90 o crack surgiu na cidade de São Paulo, de uma forma lenta, mas estável, expandiu-se para o interior do estado e mais recentemente nos últimos 10 anos expandiu-se para todo o país. O crack nada mais é do que a cocaína que pode ser fumada, tornando-a muito mais poderosa na criação de dependência e de uma série de problemas, em especial a violência. Todas as cidades onde o crack apareceu relatam um aumento de vários tipos de crimes. A primeira vítima da violência relacionada ao crack é a própria família do usuário. Pois é muito comum que comecem a roubar objetos diversos de suas próprias casas, como aparelhos de som, televisões, botijões de gás, etc para venderem e sustentarem o consumo. Esgotada essa fonte partem para crimes aquisitivos como roubo de carros, assaltos, etc.

Cerca de 1% da população brasileira faz algum consumo de cocaína, e aparentemente metade desse consumo é na forma de crack. As estimativas do próprio Ministério da Saúde de que temos 600 mil usuários de crack no Brasil é uma boa aproximação da realidade. O grande problema dos usuários do crack é que o volume de problemas de saúde, familiares e sociais que desenvolvem em paralelo ao consumo é muito grande. Essa é uma droga cuja dependência é muito grave e dificilmente o usuário consegue interromper o uso sem uma rede de tratamento muito bem organizada.

Estudo da UNIFESP que acompanha há 15 anos os primeiros 131 usuários de crack identificados no começo dos anos 90 na cidade de São Paulo, mostrou que cerca de 30% deles morreram nos primeiros cinco anos. A maior parte das mortes foi por homicídio. Esse estudo mostrou também as grandes dificuldades que os familiares tiveram em achar algum tipo de tratamento para os usuários. Se esse estudo puder servir para avaliar o que acontece no Brasil como um tudo, teremos a morte de pelo menos 180 mil usuários de crack nos próximos anos.

Consenso Internacional sobre a Política da Cocaína/Crack: As Nações Unidas num relatório recente mostrou que o Brasil é um dos poucos países no mundo onde o consumo de cocaína e crack está aumentando. A explicação deve ser por razões regionais. Nesse sentido a maior produção de cocaína por países como a Bolívia deve fazer parte da maior oferta e distribuição da cocaína e do crack em praticamente todos os estados do Brasil. Como não somos um país produtor de cocaína, estamos sujeitos a essas forças externas do tráfico internacional. Portanto deveríamos adotar políticas vigorosas para diminuir o fluxo de cocaína no Brasil. Já foi apontado também que toda essa cocaína não seria produzida se não houvesse uma rede sofisticada de produtos químicos para ajudar nesse processo. O único país da região com condições de fornecer esses produtos é o Brasil. Portanto esforços vigorosos deveriam ser feitos para identificar as empresas que estão fornecendo esses produtos e fecharmos esse fluxo de exportação clandestina.

No entanto temos mais de 600.000 usuários de crack em atividade, e para essa população vamos precisar de uma rede de tratamento mais organizada e que possa fazer uma diferença na evolução dessa doença. Devemos ter o compromisso de oferecer o tratamento necessário para essa população, pois o consumo de crack tem uma mortalidade maior do que a maioria das doenças cancerígenas.

Qual são as opções de prevenção ao problema das drogas no Brasil?

Praticamente não temos programas de prevenção às drogas no Brasil financiado pelo governo federal. O que existe é uma série de iniciativas, a maioria por indivíduos ou algumas organizações, que tentam vários de tipos de ações, mas sem nenhuma direção clara e sem evidência de que aquilo que é feito tenha um impacto na diminuição do consumo. O que precisamos é de um modelo mais definido de prevenção, recursos para o tamanho da tarefa, e um sistema de avaliação sistemático para monitorar esse comportamento nas nossas crianças.

Por exemplo, os EUA anualmente fazem vários levantamentos em escolas e nas comunidades para monitorar o uso de substâncias pelas crianças americanas. Um dos estudos inclusive chama-se “Monitorar o Futuro” e tem como objetivo claro avaliar quais as políticas preventivas que estão funcionando. Vale a pena ressaltar que o consumo de várias drogas está diminuindo nos EUA. Vários fatores contribuíram para o sucesso parcial da estratégia americana: escolher a criança e o adolescente como o foco da prevenção, estratégias universais onde toda criança americana deveria receber um mínimo de informações sobre as drogas e o financiamento de centenas de projetos comunitários que são mais específicos e adaptados para um tipo de população.


Portanto o que devemos fazer no Brasil é algo parecido:

1 – Prevenção Universal: Deveríamos ter como objetivo que as informações sobre os diferentes tipos de drogas façam parte do currículo de todas as escolas públicas e privadas, desde a mais tenra infância. É claro que esse tipo de programa necessita de toda uma adaptação sobre a forma como falar sobre esse assunto com crianças muito pequenas. Por exemplo, nas fases iniciais pode-se fazer prevenção estimulando o aprendizado de saúde e de formas básicas de cuidar de vários aspectos do corpo, como higiene dentária, entender as escolhas alimentares, etc.

2 – Programas de Prevenção Comunitários: Deveríamos ter uma fonte de financiamento de programas preventivos comunitários, onde os municípios pudessem, através dos seus Conselhos Municipais Antidrogas (esses conselhos já existem num número substancial de municípios) criar projetos estratégicos, com especial atenção aos adolescentes com maior risco de usarem drogas. Vale a pena ressaltar que os adolescentes são muito desassistidos em termos de políticas sociais. A própria Organização Mundial da Saúde já reconheceu isso e existe um movimento mundial de transformar os adolescentes como um grupo de risco, à semelhança do que ocorrem com as crianças, idosos e mulheres. Não resta dúvida de que essa faixa etária deveria receber um grande destaque numa política de prevenção. As evidências mostram que se um jovem não usou drogas até os 21 anos dificilmente usará. Portanto todos os esforços deveriam ir nessa direção. Além disso somente as comunidades locais, ou os municípios têm condições de identificar o problema e propor soluções. O que muitas vezes os municipios não sabem fazer é como desenvolver esses programas preventivos com consistência técnica. Deveria ser função do governo federal fornecer a capacitação técnica geral dessas ações comunitárias, e formas de avaliação do impacto dos programas preventivos.

3 – Programas de Orientação Familiar: Existe uma grande desinformação das famílias em como ajudar essa nova geração de brasileiros a ficarem longe das drogas. As famílias recebem uma grande carga de informações fragmentadas da mídia, que acaba informando, mas também gerando medo e insegurança nos pais, sem necessariamente fornecer os meios para a prevenção. Existe um enorme oportunidade de criarmos formas comunitárias de amparar as famílias com informações de qualidade para fazer a prevenção e a eventual identificação precoce do uso.

 
Qual são as opções de tratamento ao problema das drogas no Brasil?

Os milhares de brasileiros que desenvolvem a dependência química acabam não recebendo a devida assistência causando um enorme problema para as suas famílias e para as comunidades como um todo. Devemos propor uma mudança substancial na forma como a assistência a essas pessoas é feita, garantindo que cada brasileiro possa receber o melhor tratamento possível. A proposta é baseada em 2 princípios:


1 - Mudança do financiamento e do controle da assistência ao

Dependente Químico

Atualmente o Ministério da Saúde cuida da política assistencial de todo o Brasil. Infelizmente tem sido uma política muito ideologizada. A principal ideologia é que todos os pacientes deveriam ser tratados somente nos chamados CAPS-AD (Centro de Atenção Psico Social para Álcool e Drogas). Infelizmente uma parte substancial dos dependentes químicos não adere a esse tipo de tratamento. Por exemplo, a maioria dos usuários de crack necessita de um tratamento bem mais estruturado, com internações em clínicas especializadas. Devido a essa ideologia o governo tem se afastado de uma solução satisfatória para o tratamento dessa população. É impossível fazer uma única política para um país tão diferente como o Brasil. Assim como não se trata uma doença tão complexa como a dependência do crack somente em um único lugar como os CAPS-AD. Na prática deixamos um grande número de usuários de crack e suas famílias completamente desassistidos.

Cada Estado da União deve assumir a política mais ajustada para enfrentar esta epidemia e para isto, gerenciar o financiamento da implantação e avaliação de sua rede de serviços. A Federação, através do SUS deve fornecer os recursos necessários e com orçamento específico para o tratamento da Dependência Química.

Os projetos de cada estado devem buscar formas assistenciais que sejam baseados em evidências científicas. Deveríamos ter projetos para populações específicas como: usuários de crack, dependentes do álcool, etc. De acordo com as necessidades e prioridades de cada estado. Criar instituições/especialistas responsáveis, estrategicamente escolhidos, para acompanhar a implantação e avaliação do desenho da rede, integrando recursos, fiscalizado pelo Conselho Estadual sobre Drogas (CONED). Todos os estados brasileiros têm um CONED, que infelizmente fica inoperante em relação à prevenção e ao tratamento da dependência química. Poderia ser uma política muito boa ao valorizarmos esses conselhos, através de financiamentos específicos.

2 – Busca de Metas Objetivas

As principais metas devem ser:

a) Mapear os recursos existentes em cada estado, e criar o seu “mapa de assistência” baseados em dois formatos: 1) os recursos formais que atendam ou possa atender pacientes com dependência química (Unidade Básica de Saúde, Prontos Socorros, Centro de Atenção Psicosocial (CAPS), Hospital Dia, Hospital Geral, Hospitais Psiquiátricos, Comunidades Terapêuticas, Moradias Assistidas, etc) e 2) os recursos informais comunitários (Alcoólicos Anônimos, Narcóticos Anônimos, Grupos de Amor Exigente, grupos religiosos, etc);


b) O sistema formal de tratamento deve trabalhar em sintonia com o setor informal. Todos os CAPS deve oferecer as suas instalações para grupos comunitários de AA, NA e Amor Exigente. De preferência esses grupos deveriam ser ouvidos na gestão dos serviços públicos na área;

c) Desenvolver o treinamento das equipes mínimas de saúde e assistência social, selecionadas estrategicamente para este fim (Unidade Básica de Saúde, CAPS, Hospital Geral, Pronto Socorros, etc), assim como dos serviços ou instituições informais;

d) a prioridade assistencial e de prevenção deve ser o adolescente e adultos jovens, sendo que a implicação dessa escolha deva ser criar serviços específicos para o tratamento ambulatorial e de internação para essa população. Nenhum adolescente deveria ficar sem receber o melhor atendimento devido às repercussões do uso de substancias.

e) A assistência deve incluir todos os recursos e todos os CAPSad devem instituir o sistema de “porta aberta”. Os CAPSad deveriam se responsabilizar por encontrar o melhor tratamento para todos os pacientes e familiares que busquem esses serviços. Mesmo se o paciente abandonar o tratamento os CAPSad deveriam continuar oferecendo serviços para a família e buscar ativamente o engajamento dessa pessoa no serviço.

f) A internação involuntária deveria ser considerada como uma possibilidade de tratamento, desde que siga todas as condições já estipuladas em lei;

g) Todos os serviços de saúde da rede devem buscar a identificação precoce através de triagem para detectar o usuário problemático e imediatamente referendar para o CAPSad de referência;

h) O financiamento do SUS para o tratamento da Dependência Química deve ser para todos os serviços que recebam evidências na literatura médica internacional, são eles : Comunidades Terapêuticas, Enfermarias Especializadas em Hospitais Gerais e em Hospitais Psiquiátricos, Moradias Assistidas, Ambulatórios de Especialidades, Prontos Socorros.

i) Todo cidadão deveria receber o melhor cuidado possível disponível, de acordo com a sua necessidade clínica. Privar uma pessoa desses cuidados é uma negação dos direitos de cidadania.

j) O gestor público deveria de ter o compromisso de divulgar todos os serviços disponíveis na sua região para as famílias, escolas e comunidades.

Crítica ao projeto do governo LULA em relação ao CRACK (“PAC DO CRACK”)

A principal critica a esse projeto do atual governo é que temos “mais do mesmo”. Ou seja, a mesma equipe trabalhando no Ministério da Saúde e na Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da Republica, que foi incapaz ao longo dos últimos 12 anos de produzir formas de prevenção e de tratamento para a dependência química, não apresenta um plano ambicioso e tecnicamente consistente para lidar com a dimensão desse problema. As principais críticas são:

 
1 – O plano refere que dobrará os leitos em hospitais gerais para internação dos usuários de crack. Nenhum local é mais inadequado do que os hospitais gerais para internar um tipo de pessoa como o usuário de crack. No momento da internação eles estão irritados, violentos, muitas vezes com sintomas psicóticos, e, portanto necessitam de cuidados especiais que os hospitais públicos brasileiros não têm. O que precisamos é da criação de unidades especializadas, como o Governo do Estado de São Paulo criou em São Bernardo do Campo em parceria com a UNIFESP. Pequenas unidades de desintoxicação, onde o paciente pode receber um atendimento digno e tecnicamente adequado.

 
2 –O plano refere a ampliação da rede dos chamados CAPS (Centro de Atenção Psicosocial) para dependentes do álcool e drogas. Ao longo dos anos a experiência mostrou que os usuários de crack têm uma baixa aderência ao tratamento ambulatorial, e investir mais dinheiro publico nesse serviço, sem a mínima evidência que funcionam para essa população é de uma irresponsabilidade ímpar. Temos atualmente 223 CAPS-AD no Brasil, no estado de São Paulo são 57. O número de pacientes atendidos nessa rede é absolutamente irrelevante quando pensamos que temos 600 mil usuários de crack nas nossas comunidades. Na melhor das hipóteses cada um desses CAPS faz por mês 1000 consultas, muitas vezes do mesmo paciente. O que dá uma idéia da ineficiência desse local para lidar com essa verdadeira epidemia do crack.

3 – O plano refere que esses mesmo CAPS-AD deveriam internar até 8 usuários de crack nas suas dependências. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) recentemente fez uma pesquisa avaliando os CAPS do estado de São Paulo e mostrou as dificuldades que passam esses locais pela falta de financiamento do Ministério da Saúde. O próprio CREMESP já se manifestou nos sentido de considerar essas “internações” nos CAPS como inadequadas, pois no período noturno esses locais ficam sem nenhuma retaguarda médica. Imaginar que oito usuários de crack possam ficar sem assistência médica a noite mostra a irresponsabilidade dessa proposta.


4 – O plano refere que deveriam ser criados “Consultórios de Rua” para atender a população de usuários de crack que ficam perambulando pelas ruas. Não existe evidência de que esse tipo de ação possa retirar da rua essa população, pois se não existir uma rede especializada para dar continuidade a esse contato, esses “consultórios” deverão mais ajudar na manutenção do problema do que na solução.

5 – O plano refere também que deveriam ser criados “Pontos de Acolhimento” onde os usuários, especialmente os adolescentes deveriam ir para tomar banho ou descansar e receber orientações sobre como reduzir os danos decorrentes ao uso de substâncias. O mais provável é que esses locais acabem contribuindo para o consumo de drogas e virem locais de uso. Além disso, fornecer informações sobre redução de danos para crianças e adolescentes, sem prover um tratamento estruturado, e até mesmo internações, é contra o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).



Documento elaborado pelo psiquiatra Ronaldo Laranjeira
Fonte:ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)
http://www.antidrogas.com.br/mostrasosvida.php?c=52

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Governo Federal divulga resultados do I Levantamento Nacional sobre Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras

Estudo inédito no País revela que quase metade dos universitários brasileiros já fizeram uso de alguma substância ilícita.



O I Levantamento Nacional sobre Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras traz um retrato do consumo de álcool, tabaco e outras drogas por mais de 18.000 universitários. O estudo revela que quase metade dos universitários brasileiros já fez uso de alguma substância ilícita e que 80% dos entrevistados, que se declararam menores de 18 anos, afirmaram já ter consumido algum tipo de bebida alcoólica. Outro ponto surpreendente é que o consumo de álcool, tabaco e outras drogas entre os universitários é mais frequente que na população em geral, o que reforça a necessidade de um maior conhecimento desse fenômeno para o desenvolvimento de ações de prevenção e elaboração de políticas específicas dirigidas para este segmento.

 
O estudo é uma realização da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (SENAD), órgão do governo federal responsável por coordenar a implementação da Política Nacional sobre Drogas (PNAD), e da Política Nacional sobre o Álcool (PNA), em parceria com o Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (GREAFMUSP). A divulgação ocorre no dia 23 de junho de 2010, no Auditório do Anexo I, do Palácio do Planalto, em Brasília, Distrito Federal, e faz parte do calendário da XII Semana Nacional Sobre Drogas.

 
Participaram do levantamento quase 18.000 universitários, matriculados no ano letivo de 2009, em cursos de graduação presencial, de 100 Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas de 27 capitais brasileiras. Os estudantes responderam a um questionário estruturado, de autopreenchimento e com três medidas sobre o uso de drogas:

 
1. Uso na vida (uso experimental, ou seja, “pelo menos uma vez na vida”),

2. Uso nos últimos 12 meses (ou seja, “pelo menos uma vez nos 12 meses que antecederam a entrevista”)

3. Uso nos últimos 30 dias (ou seja, “pelo menos uma vez nos 30 dias que antecederam a entrevista).

 
Os dados do estudo foram divididos didaticamente em nove tópicos:

 
1. dados sócio-demográficos; 2. prevalência e padrão de uso do tabaco e outras substâncias psicoativas; 3. prevalência e padrão de uso do álcool; 4. uso múltiplo de drogas; 5. uso de drogas na Universidade de São Paulo; 6. prevalência de comportamentos de risco; 7. saúde mental; 8. comparação do uso de drogas entre os universitários e outros segmentos sociais e 9. políticas públicas sobre drogas nas Instituições de Ensino Superior.
Entre as conclusões do I Levantamento Nacional sobre Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras, estão os seguintes dados:
- 49% dos universitários pesquisados já experimentaram alguma droga ilícita pelo menos uma vez na vida;
- Do grupo dos universitários que se declararam menores de 18 anos, 80% dos entrevistados afirmaram já ter consumido algum tipo de bebida alcoólica;
- 86% dos universitários já fizeram uso na vida de álcool e 47% de produtos de tabaco;
- 22% dos universitários estão sob risco de desenvolver dependência de álcool e 8% de maconha;
- 36% dos universitários beberam em binge* nos últimos 12 meses e 25% nos últimos 30 dias;
- Cerca de 40% dos universitários usaram duas ou mais drogas nos últimos 12 meses e 43% relataram já ter feito uso múltiplo e simultâneo de drogas na vida. Desses 43%, 47,8% alegaram como motivação do uso “simplesmente porque gostavam ou porque lhes possibilitava esquecer os problemas da vida”;
- 18% dirigiram sob efeito de álcool e 27% pegaram carona com motorista alcoolizado;
- 9% não possuem o hábito de utilizar métodos contraceptivos, 3% já forçaram ou foram forçados a engajar em intercurso sexual e 41% declararam já ter feito o teste para detecção do vírus HIV;
- A prevalência de abuso de álcool foi maior entre os universitários que na população geral. Já a dependência foi encontrada com maior prevalência para a população geral;
- O uso de substâncias ilícitas (geral) é maior entre os universitários das regiões Sul e Sudeste, de instituições privadas, da área de Humanas, do período noturno e por universitários com idade acima dos 35 anos. Não foi observada a interferência de gênero sobre o uso geral de drogas;
- A prevalência do uso de álcool, tabaco e drogas ilícitas é semelhante entre universitários brasileiros e norte-americanos, salvo algumas particularidades: o uso de maconha é maior entre os universitários norte-americanos e o uso de inalantes é maior entre os universitários brasileiros;
- 21% dos universitários fazem uso de produtos do tabaco;
- O risco de desenvolver abuso/dependência para maconha é maior entre os homens e de anfetamínicos e tranquilizantes entre as mulheres.
- 8% dos universitários já fizeram (ou induziram) aborto. Embora não haja influência aparente do gênero, a faixa etária (mais de 35 anos), tipo de IES (privada) e região administrativa parecem exercer influência sobre esse comportamento.

“O levantamento é o primeiro no País a analisar o comportamento de jovens universitários em relação ao uso de drogas”, comemora Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte, Secretária Nacional de Políticas sobre Drogas-Adjunta e Responsável Técnica pela SENAD.
Segundo ela, o Brasil possui hoje com 2.252 Instituições de Ensino Superior, totalizando mais de 5,8 milhões de estudantes universitários. A entrada na universidade, muitas vezes, inaugura um período de maior autonomia, possibilitando novas experiências, mas também, para muitos, se constitui em um momento de maior vulnerabilidade, tornando-os mais suscetíveis ao uso de drogas e suas conseqüências.
“O uso de drogas e suas conseqüências adversas é um tema de relevante preocupação mundial, dado o número de usuários existentes e seu impacto sobre os indivíduos e a sociedade. Em especial, os estudantes universitários compreendem uma importante parcela desse universo, uma vez que apresentam um consumo de drogas mais intenso e freqüente do que outras parcelas da população em geral”, diz o médico Arthur Guerra, um dos responsáveis pelo levantamento.
Maconha é a droga de maior prevalência

O uso de álcool, produtos de tabaco e outras drogas é um fenômeno mundial que tem transcendido a categoria de “problema de saúde”. No mundo, em 2007, 172 milhões a 250 milhões de pessoas usaram alguma droga ilícita. Entre elas, a maconha é a de maior prevalência anual de uso (entre 143 milhões e 190 milhões de pessoas), seguida imediatamente pelas anfetaminas, cocaína, opiáceos e ecstasy.
Embora este número seja alto, são os usuários problemáticos que fazem o maior consumo. Estimativas, também de 2007, indicaram que, globalmente, havia entre 18 milhões e 38 milhões de usuários problemáticos de drogas, de idade entre 15 e 64 anos.

O uso de produtos de tabaco afeta 25% da população mundial adulta. Quando comparado às drogas ilícitas, as estimativas apontam que 200 mil mortes por ano são decorrentes do consumo de substâncias ilícitas, enquanto que 5 milhões são atribuídas ao uso de tabaco**. Também se calcula que uma população estimada de 500 milhões de pessoas, atualmente vivas, morrerá pelo uso de produtos de tabaco***. Em relação ao consumo de álcool, quase 2 bilhões de pessoas no mundo fazem uso. É a causa atribuível de 3,8% das mortes e 4,6% dos casos de doença em todo o mundo, tendo sido apontado como agente de mais de 60 tipos de doenças****.

*Padrão binge drinking é definido pelo National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism – NIAAA, como o consumo de cinco ou mais doses alcoólicas por homens ou de quatro ou mais doses por mulheres dentro do período de duas horas

**Escritório das Nações Unidas para Controle de Droga e Prevenção de Crime. Relatório Anual de Drogas, 2008

*** Escritório das Nações Unidas para Controle de Droga e Prevenção de Crime. Relatório Anual de Drogas, 2009

****Anderson P, Chisholm D, Fuhr DC. Eficácia e custo-efetividade das políticas e programas para reduzir os danos causados pelo álcool. Lancet. 2009
Organizadores do estudo:

- Dr. Arthur Guerra de Andrade (Professor Associado do Departamento de Psiquiatria da FMUSP, Professor Titular das disciplinas de Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina do ABC e Supervisor do GREA, HC-FMUSP

- Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte (Secretária Nacional de Políticas sobre Drogas-Adjunta e Responsável Técnica pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas - SENAD, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República - SENAD/GSI/PR

- Lúcio Garcia de Oliveira (Mestre e Doutor em Psicobiologia pelo Departamento de Psicobiologia da UNIFESP e Pós- doutorando pelo Departamento de Psiquiatria da FMUSP).


Autor: Assessoria de Imprensa


Fonte: OBID

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Jantar de Mauro Cezar é bastante prestigiado

A campanha de Mauro Cezar rumo à Câmara Legislativa está a todo vapor. Cerca de cem pessoas prestigiaram o jantar oferecido por ele na terça-feira (10), no espaço de eventos Solar Uberaba no Park Way, numa clara demonstração de apoio. Na oportunidade, o candidato a deputado distrital pelo PT do B, falou um pouco sobre seus ideais. Eu tenho compromisso com vocês. Sou um homem determinado a trabalhar. Se for a vontade de Deus, vamos instituir condições e qualidade de vida aos cidadãos, afirmou.

Mauro Cezar discursou a respeito de alguns pontos que precisam ser reestruturados para a melhoria do Distrito Federal. Dentre eles a segurança pública. A segurança pública não é ideal para a população, isso tem que mudar. Votar em Mauro Cezar é votar em um idealista. É votar em uma pessoa que acredita que o trabalho dignifica a pessoa humana, declarou.

O presidente em exercício do Sindicato do Delegados do DF (Sindepo-DF), João Carlos Lóssio, acredita que o fato de um delegado atuar como representante da categoria na Câmara Legislativa vai facilitar o trabalho da polícia. Vai ser importante tanto para a polícia, como para a comunidade. Pois, ele sabe realmente do que a polícia precisa. Nós estamos passando por uma crise ética na política. E o Mauro na Câmara vai ser o resgate da ética e da moral na política.

O delegado da 24ª Delegacia de Polícia, Ailton Rodrigues, aposta no trabalho de Mauro Cezar. Faz quatro anos que eu atuo como delegado. Não vi nenhum tipo de irregularidade em relação a ele. É uma pessoa que conhece na prática as necessidades da população. Com certeza, será um ótimo deputado distrital.

Um dos pontos fortes da campanha de Mauro Cezar é o combate às drogas e à violência. Ao falar sobre o assunto, a professora e eleitora Renata de Jesus elogiou o trabalho que vem sendo desenvolvido por ele nos últimos anos: Me interessei muito pela campanha, porque a proposta dele é rica. O trabalho que ele já desenvolve nas escolas é ótimo. Pois, faz com que a criança perca o interesse e até mesmo o desejo de ter o primeiro contato com a droga. E, como professora, acho importante essa proposta.

PALESTRA SOBRE DROGAS - BASE AÉREA


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Asa Norte é refém do tráfico

Uma das regiões mais nobres de Brasília, a Asa Norte está perdendo espaço para as drogas. Os traficantes e usuários, que antes atuavam na calada da noite, hoje já não se intimidam com o movimento intenso de pessoas em plena luz do dia. A presença constante de viciados nas quadras faz a violência aumentar em larga escala. Entre os comerciantes, difícil encontrar quem nunca teve seu estabelecimento furtado ou roubado. De acordo com eles, o perfil dos criminosos é quase sempre o mesmo: jovens maltrapilhos, sob efeito de drogas e portando armas de baixo calibre ou objetos cortantes.


Durante dois dias, o Correio percorreu a Asa Norte. Na tarde da última quarta-feira, na SQN 308, a Polícia Militar abordou um deficiente que usa muletas. Ele era suspeito de traficar entorpecentes e, inclusive, já foi detido uma vez. Dois PMs fizeram revista minuciosa na mala que ele carregava, mas nada encontraram. Um dos militares, que pediu para não ser identificado, comentou que é difícil dar o flagrante. “Esses caras que fazem o tráfico formiguinha, são espertos. Eles nunca ficam com a droga. Nós temos fortes indícios da atuação deles, mas não podemos prendê-los sem a prova material do crime”, comentou.


O porteiro de um bloco da 313 Norte conta que a quadra já foi mais problemática à noite, mas ressalta que, atualmente, é possível ver meninos e meninas de classe média consumindo cigarros de maconha nos “pontos cegos” dos prédios. “Isso aqui já foi uma cracolândia à noite. Ficavam mais de 15 pessoas fumando crack(1) nos muros dos prédios. A polícia começou a vir aqui várias vezes e acabou com essa bagunça. O que tem hoje são filhinhos de papai que vêm de outras quadras fumar maconha. Eles sentam debaixo das árvores, ou nas pontas dos prédios, onde não há movimento de pessoas, sempre no fim da tarde”, relatou o funcionário.


Na SQN 302, a calçada sob um toldo de uma lanchonete que fechou as portas recentemente é o lugar escolhido por moradores de rua para consumo de crack. O garçom de um restaurante, localizado ao lado, diz que as reclamações dos frequentadores são recorrentes. “Alguns clientes ficam assustados com isso. Normalmente, eles (viciados) se reúnem mais à noite, quando fechamos, mas, vez ou outra, algum deles para aí na hora do almoço e acende o cigarro de maconha ou crack sem nenhuma cerimônia. Fora que ficam pedindo dinheiro para todo mundo que passa”, denunciou.


No entanto, o ponto mais crítico da Asa Norte fica nas proximidades do Teatro Nacional, onde adultos, adolescentes e até crianças usam entorpecentes sem nenhuma preocupação. Na quinta-feira última, dois garotos, aparentando não ter mais de 12 anos, consumiram duas pedras de crack. Eram por volta de 16h30 e eles não pareciam incomodados com o trânsito de pessoas no local. No mesmo lugar, um rapaz vestido com uma camiseta de um projeto social do Governo do Distrito Federal produzia um cigarro de maconha e consumia ali mesmo. Quando percebeu que estava sendo fotografado, tirou do bolso uma máquina e começou a fingir que estava registrando imagens do ambiente.


Também na última quinta-feira, no gramado próximo ao Teatro Nacional, nem mesmo a presença de três motocicletas da Polícia Militar inibiu um grupo de 11 jovens. Eles usavam crack antes de o dia terminar, justamente o horário de maior movimento na região. Quando a droga acabou, um deles foi para o semáforo mendigar. Os trocados que conseguiu dos motoristas foram investidos em pedras, que ficam guardadas com um homem de blusa azul, aparentemente o organizador do comércio clandestino.


Para o presidente do Conselho Comunitário da Asa Norte, Raphael Rios, o crescente aumento na criminalidade no bairro é reflexo da expansão das drogas. “As pessoas assaltam para roubar R$ 50, R$ 100. É o típico crime que o ladrão comete para sustentar o vício. Já virou uma questão de saúde pública o tráfico de drogas aqui na Asa Norte, e não apenas de segurança. Não falta apenas policiamento. Faltam também políticas públicas voltadas para o tratamento dos usuários, oferecer educação e lazer para que eles não se envolvam com isso. Ainda não chegamos ao fundo do poço, mas se uma ação inteligente não for feita, em breve estaremos lá, pois a Asa Norte passa por um dos piores momentos da sua história”, afirmou Raphael.


1 - Apreensões crescem

As apreensões de crack no Distrito Federal subiram 175% no ano passado em comparação com o ano anterior, de acordo com a Polícia Civil. A droga age no sistema nervoso central, provocando aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, dilatação das pupilas, suor intenso, tremores, excitação, maior aptidão física e mental. Os efeitos psicológicos são euforia, sensação de poder e aumento da autoestima. Seu consumo pode levar à morte.



FONTE: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/08/09/cidades,i=206696/ASA+NORTE+E+REFEM+DO+TRAFICO.shtml

DICAS DA REDE SOCIAL LEI MARIA DA PENHA

sábado, 7 de agosto de 2010

DEDICADO A TODOS OS PAIS

Lei Maria da Penha completa quatro anos

Há quatro anos, as mulheres brasileiras ganhavam uma lei de combate à violência doméstica. A Lei Maria da Penha, sancionada no dia 7 de agosto de 2006, alterou o Código Penal ao punir mais severamente agressores, que hoje podem ser presos em flagrante ou terem prisão preventiva decretada.

Antes da lei, homens violentos dentro de casa só eram punidos após ferirem efetivamente as mulheres. As ameaças eram tratadas como faltas menores e não eram suficientes para que o agressor fosse para a prisão ou afastado do lar. O crime de violência doméstica era julgado nos juizados especiais criminais e tratado como briga de vizinhos e acidentes de trânsito.

A medida também alterou a Lei de Execuções Penais ao permitir que juízes obriguem o agressor a comparecer a programas de recuperação e reeducação. As investigações também ganharam em detalhes, com depoimentos de testemunhas.

De acordo com a Lei Maria da Penha, uma vez constatada a violência doméstica, de imediato o juiz poderá aplicar ao agressor medidas de proteção da mulher, como suspensão ou restrição do porte de armas e afastamento do lar. O acusado também poderá ser proibido de manter contato ou se aproximar da mulher e de seus familiares e amigos (fixando um limite mínimo de distância entre ambos) e de frequentar determinados lugares “a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida”, segundo prevê a lei.

Segundo a advogada Mirta Brasil Fraga, a principal conquista da lei são as medidas protetivas.

- No passado, elas apanhavam e os maridos ainda diziam “se você quiser, você que saia de casa”. Hoje é o agressor quem tem sair do lar. É uma vitória.


SAIBA OS TIPOS DE VIOLÊNCIA

Psicológica

Dano emocional e diminuição da auto-estima mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.

Física

Ato contra a integridade ou saúde corporal.


Sexual 

Qualquer conduta que obrigue a mulher a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força. Também são consideradas violência sexual práticas que impeçam a mulher de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição.


Patrimonial

Retenção, subtração, destruição parcial ou total de objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.


Moral

Calúnia, difamação ou injúria


Fonte: http://noticias.r7.com/brasil/noticias/lei-maria-da-penha-completa-quatro-anos-20100807.html



sexta-feira, 6 de agosto de 2010

SAIBA SOBRE O NARCOTRÁFICO

O TRAFICANTE



É o tipo mais perigoso que existe, entre os indivíduos ligados às drogas. Através de sua atuação, o vício difunde-se, deteriorando o organismo e despersonalizando a pessoa.

Tanto o plantio, como a importação, exportação e comércio das substâncias tóxicas, nada mais são facetas do tráfico de entorpecentes.
O ponto básico de toda a degradação moral e social dos toxicômanos, nada mais é do que o próprio traficante.
Enriquecem à custa das vicissitudes alheias, exploram a miséria e vivem sobre a degradação moral daqueles que imploram a manutenção do vício. Vão ao ponto de não permitir uma recuperação de quem quer que seja, indo da perseguição até às últimas consequências.
Seu campo de ação vai desde os portões de colégios, às praças públicas, portas de prisões, etc., sempre à espreita de uma nova vítima.
O traficante é um indivíduo frio, calculista, inteligente, ardiloso e insinuante, capaz de perceber o ambiente propício para sua investida e a predisposição psíquica de sua nova vítima.
Chega, às vezes, introduzir a droga sem fazer referência a ela, simplesmente ministrando-a como tratamento para um mal-estar da vítima, provocando, de conformidade com a natureza do entorpecente, o inicío de uma dependência física e/ou psíquica.
Encontrar um traficante, é uma tarefa árdua. Conseguem um perfeito sistema de proteção, com um serviço de informação, que faz inveja a própria polícia, na maioria das vezes com a participação de menores.
O traficante dificilmente entregará a "muamba" diretamente ao dependente. Sempre age indiretamente, daí a dificuldade do flagrante e da prisão.
Geralmente o traficante deixa a droga em local pré-estabelecido, que tanto pode ser uma carrocinha de sorvete, refrigerante, ou doce, como pode ser uma reentrância em um muro de edifício, ou simplesmente um ponto determinado nas areias de uma praia.
Exterminado o traficante, estaremos nos aproximando do ponto final de uma longa e irreparável escala de tóxicos.
O DEPENDENTE-TRAFICANTE  


O traficante dependente age como elemento induzidor e desinibidor perante os novatos. Uma vez efetuada a demonstração do uso (quer fumando, quer ingerindo ), exercita a sua atividade de traficar, vendendo o tóxico aos precipiantes.
Não é comum um traficante descer a dependente, ou seja, passar do comércio ao simples uso, pois a dependência, para os negociantes, é uma fraqueza suscetível de exploração.
É evidente que se um traficante dependente é preso, seu comportamento é totalmente diferente do de um dependente, pois além da atividade de fornecimento, precisa suprir-se também da droga.
Entre os traficantes, de um modo geral, incluindo o traficante dependente, existe como que um código de honra, onde fica proibida, sob pena de execução sumária, a revelação dos outros traficantes.



AS DROGAS E O CRIME


As drogas estão ligadas ao crime em pelo menos quatro maneiras:

1. A posse não-autorizada e o tráfico de drogas são considerados crimes em quase todos os países do mundo. Só nos Estados Unidos, a polícia prende por ano cerca de um milhão de pessoas por envolvimento com drogas. Em alguns países, o sistema judicial está tão lotado de processos criminais ligados às drogas que a polícia e os tribunais simplesmente não conseguem dar vazão. 2. Visto que as drogas são muito caras, muitos usuários recorrem ao crime para financiar o vício. O viciado em cocaína, por exemplo, talvez precise de uns mil dólares semanais para sustentar o vício. Não é para menos que os arrombamentos, os assaltos e a prostituição floresçam quando as drogas fincam raízes numa comunidade. 3. Outros crimes são cometidos para facilitar o narcotráfico, um dos mais lucrativos negócios do mundo. O comércio ilícito das drogas e o crime organizado são mais ou menos interdependentes. Para garantir o fluxo fácil das drogas, os traficantes tentam corromper ou intimidar as autoridades. Alguns têm até mesmo um exército particular. Os enormes lucros dos barões da droga também criam problemas. Sua fabulosa receita poderia facilmente incriminá-los se esse dinheiro não fosse "lavado". Assim, bancos e advogados são usados para despistar a movimentação do dinheiro das drogas. 4. Os efeitos da própria droga podem levar a atividades criminosas. Familiares talvez sofram abusos por parte de usuários de drogas crônicos. Em alguns países africanos afligidos pela guerra civil, crimes horríveis têm sido cometidos por soldados adolescentes drogados.




QUEM É QUEM NO TRÁFICO
- Soldado: é o traficante que anda armado dentro da favela e protege as bocas-de-fumo. Ele mora no morro

Boca-de-fumo: é o local dentro do morro ou da favela onde os traficantes passam a droga para os distribuidores
Vapor: é o morador do morro que vende a droga na boca-de-fumo. Ele também faz entregas na estica
Estica: é um posto avançado das bocas-de-fumo da favela no asfalto. Os moradores das redondezas ficam na estica e revendem a droga vinda do morro
Formiguinha: é o microtraficante que compra pequenas quantidades e revende aos amigos nos bares, academias e escolas. Com o pequeno lucro, custeia o próprio vício
Disque-drogas: o serviço é bancado pelo traficante autônomo, que compra nos morros boas quantidades, com maior grau de pureza. Ele entrega o produto por meio de motoboys e entregadores de pizza
Quiosques: além de água-de-coco e refrigerantes, vendem entorpecentes e servem de ponto de contato entre os consumidores e os formiguinhas
Fume-táxi: motoristas de táxi de fachada utilizam os carros para entregar drogas em pontos chiques da cidade. 

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Lei antifumo facilita tratamento de quem tenta largar o cigarro

Ambientes livres da fumaça ajudam quem busca tratamento contra o vício. Lei que veta cigarro em bares e restaurantes de SP completa um ano. 





Uma das dificuldades dos fumantes que decidem largar o cigarro é não sofrer recaídas em ambientes como bares, baladas e restaurantes. Por causa disso, eles dizem que a lei antifumo, em vigor no estado de São Paulo desde 7 de agosto do ano passado, facilitou o tratamento de quem tenta deixar o vício. “Hoje, estou em um restaurante e não tenho que conviver com o cigarro. Isso ajuda a me manter firme”, diz o despachante Cláudio Pessoa Tunu, de 40 anos, que está há seis meses sem fumar.





A lei antifumo baniu o cigarro em ambientes fechados de uso coletivo em todo o estado. Com ela, está proibido o uso de cigarros, charutos e cigarrilhas no interior de bares, restaurantes, empresas, lanchonetes e boates. A psicóloga Juliana Batista, do Programa de Assistência Integral ao Fumante do Hospital do Coração (HCor), diz que houve um aumento de 40% a 50% no número de pessoas que procuram tratamento para largar o cigarro.





“O grande motivo do aumento dessa demanda é que não se tem mais lugares, não é mais livre. Os fumantes têm se sentido muito segregados por essa falta de espaço para fumar”, acredita a psicóloga. “Não é tão simples você ter que se deslocar do lugar onde você está [para fumar]”, completa Juliana. Os grupos do programa são formados por 5 a 10 participantes. Por causa do aumento da procura, o hospital abriu novos grupos e disponibilizou mais horários.





O despachante Cláudio Tunu fez tratamento no HCor. Ele fumou durante 22 anos e decidiu procurar ajuda pela preocupação com a saúde e para agradar a família. “Hoje o fumante se sente um pouco excluído. Estou bem firme no meu propósito e ajuda muito o ambiente estar livre do cigarro”, afirma. Tunu conta que já percebeu várias mudanças após largar o vício. “Muda tudo: o paladar, o gosto do alimento, a pele, os dentes, o cabelo, a disposição. Estou super satisfeito.”





A psiquiatra Célia Lídia da Costa, coordenadora do Grupo de Apoio ao Tabagista do Hospital A.C. Camargo, também percebeu um conforto maior entre aqueles que buscam tratamento. “Antes da lei, as pessoas que vinham ao tratamento se sentiam, durante os momentos sociais, excluídos. Hoje eles acham bacana, porque não é permitido para ninguém. Os que estão tentando parar se sentem bem com isso”, acredita.





Mudança de perfil


Célia da Costa percebeu, nos últimos anos, uma mudança no perfil dos que buscam ajuda para largar o cigarro. No início do grupo, em 1996, a maioria eram mulheres acima dos 60 anos e já com alguma doença provocada pelo cigarro, como câncer. Agora, há muitas pessoas nas faixas dos 20 e 30 anos. “Eles procuram porque sabem que o tabagismo faz mal, se sentem mais cerceados no dia a dia [por causa da lei], e acham mais prático procurar uma ajuda para parar de fumar”, afirma a psiquiatra.





É o caso do gerente comercial Francisco Ávila Neto, de 27 anos. Ele fumava desde os 13 anos e decidiu procurar ajuda no hospital. Está há três meses sem o cigarro. “Eu decidi que esse ano ia parar de qualquer jeito. Não existe nenhum fumante que não pense pelo menos uma vez por semana em largar o cigarro. Eu pensava todo dia”, diz o jovem. Neto afirma que tomou a decisão porque se preocupa com o futuro. “Eu não quero ser uma das pessoas que está sendo tratada de câncer lá [no A.C. Camargo].”





O contabilista Augusto Cezar Gegers Izabel, de 34 anos, começou o tratamento nesta semana. “Desde que meu filho nasceu, a ideia era parar de fumar para dar um bom exemplo. Dessa vez eu decidi procurar uma ajuda”, afirma ele, que tenta largar o cigarro há três anos – conseguiu, no máximo, por três ou quatro dias. O contabilista é fumante há 15 anos e também acredita que a lei ajudará em seu objetivo. “Se você está tentando parar e alguém fuma ao seu lado, é complicado.”





Para a psiquiatra do Hospital A.C.Camargo, a lei mostrou aos fumantes como eles eram dependentes do cigarro. “A pessoa é tão dependente daquilo que tem que descer e sair do local de trabalho. [A lei] deixa claro para a sociedade que é grave, sim, fumar. Não é questão de cercear liberdade”, afirma.




Fonte:G1/ABEAD(Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas)