quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Associação defende política de longo prazo para combater o crack

Da Agência Brasil



Brasília - A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) faz um alerta

para a necessidade de uma política de longo prazo voltada à prevenção

do consumo do crack. “O crack é a crônica da morte anunciada. Há

muitos anos temos anunciado essa realidade ao governo. Sabemos

efetivamente que não darão conta do problema sem uma política a longo

prazo”, ressaltou, hoje (9) o diretor da ABP, João Carlos Dias,

durante entrevista ao programa Revista Brasil da Rádio Nacional.



Segundo estimativas do Ministério da Saúde, existem cerca de 600 mil

usuários no país. “Essa é uma droga cuja dependência é muito grave e

dificilmente o usuário consegue interromper o uso sem uma rede de

tratamento muito bem organizada”, destacou. “Para isso é necessário

que haja uma estrutura de médicos, psiquiatras, assistentes sociais e

bons hospitais para que o atendimento seja completo e tenha resultado,

algo que hoje infelizmente não existe”, completou.



Estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que acompanha há

15 anos os primeiros 131 usuários de crack identificados no começo dos

anos 90, na capital paulista, mostrou que cerca de 30% deles morreram

nos primeiros cinco anos. A maior parte das mortes foi por homicídio.

Esse estudo mostrou também as grandes dificuldades que os parentes

tiveram em achar algum tipo de tratamento para os usuários. “Se esse

estudo puder servir para avaliar o que ocorre no Brasil, como um todo,

teremos a morte de pelo menos 180 mil usuários de crack nos próximos

anos”, acrescentou.



O governo, como forma de reverter essa realidade, lançou este ano o

Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas. O

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) terá mais

R$ 100 milhões para ampliação de Centros de Referência de Assistência

Social (Cras), Centros de Referência Especializados de Assistência

Social (Creas) e do atendimento a jovens em medidas socioeducativas.

No total, serão disponibilizados R$ 410 milhões para ações de

assistência social, saúde e repressão ao tráfico.



Edição: Talita Cavalcante

0 comentários: