segunda-feira, 7 de junho de 2010

Parar de fumar. Um sonho possível!

Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), nos últimos 20 anos o Brasil foi o país que mais rápido reduziu a proporção de fumantes. Em 1989, 30% dos brasileiros eram tabagistas. Em 2009 a taxa caiu para 17%.
A blogueira faz parte destas estatísticas. Em 6 de maio do ano passado decidi seguir o conselho da minha amiga Conceição Freitas: "Vitória, você precisa pensar como será a Maria Vitória sem cigarro. E não falar que deseja parar." Ela fez a observação quando estávamos em um boteco de esquina de bloco do Sudoeste e, entre uma tragada e outra, eu mais uma vez falava do sonho de milhares de fumantes: parar de fumar.
Eu consegui, depois de muito meditar sobre a observação da Ceiça. Não sozinha, claro! Tive o apoio do pneumologista Paulo Feitosa e a compreensão e torcida dos companheiros da redação do Correio Braziliense. Um dos maiores incentivadores foi o Félix, motorista do jornal.
Milhares de pessoas também realizaram um sonho idêntico ao meu: ficar livre do cigarro. Sem culpa e julgamentos. Uma das responsáveis por esse feito, em grande escala, é a cardiologista Jaqueline Scholz Issa, diretora do Ambulatório de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo (Incor-SP).
Como o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS), a médica é a responsável por trazer para o Brasil o Dia Mundial Sem Tabaco, data celebrada amanhã, em 31 de maio. Por meio da informação foi possível conscientizar as pessoas.
Jaqueline Scholz Issa esteve em Brasília nesta terça-feira, 1º de junho. A convite do Centro de Câncer de Brasília, que promove desde 2003 a campanha Sem Tabaco, 100% Fashion, a médica realizará sessão de autógrafos do livro Deixar de Fumar Ficou Mais Fácil, na livraria Leitura do Terraço Shopping, às 18h30.
Nesta entrevista, ela fala sobre os danos do fumo e a sua luta antitabagista. Sem falso moralismo.



Crédito: Agência Athena

Como começou o seu envolvimento com a causa antitabagista?
Em 1993 eu trabalhava na área de prevenção e controle de colesterol, mas fui chamada para desenvolver uma estratégia de controle do tabagismo, por conta do Programa de Qualidade de Vida que o Incor-SP estava lançando. Durante as minhas pesquisas, encontrei um artigo no European Journal of Cancer chamado “World No Tobacco Day: 31 May 1992”. Daí eu escrevi uma carta para Organização Mundial da Saúde, pois achei que dava para promover algo parecido no Brasil.

Como foi o retorno?
Eles nos apoiaram abertamente, porque os cardiologistas não eram muito atentos à questão, até por uma questão de conflito de interesses. Era muito comum que os fabricantes de cigarro patrocinassem ações ligadas à saúde. A Souza Cruz cansou de apoiar campanhas de vacinação, por exemplo. Era uma forma de manter esse conflito de interesses e evitar que os governos tivessem uma postura isenta.

E como foi o apoio da OMS?
Recebemos kit de divulgação, respaldo técnico e científico e todo o subsídio para ganhar a mídia. Em pouco tempo aprendemos que ao alcançar a imprensa, a atenção dos políticos e da sociedade civil vêm em seguida. E, há 17 anos, o Incor-SP promovia o primeiro Dia Mundial Sem Tabaco no Brasil.

Em 2010, o Dia Mundial Sem Tabaco tem como tema “Gênero e tabaco com ênfase no marketing para mulheres”. A relação da mulher com o cigarro é diferente quando comparado aos homens?
O que a gente vê no consultório é que a maioria das mulheres tem uma relação afetiva com o cigarro, muitas se referem a ele como um “companheiro das horas difíceis”. A mulher costuma fumar para reduzir a tensão, quando se sente ansiosa, triste, nervosa. Esse apego torna as mulheres mais vulneráveis à recaída do que os homens. O curioso é que a depressão chega a ser quatro vezes mais frequente em fumantes do que nos não-fumantes.

É possível largar o cigarro somente com força de vontade?
Na maioria dos casos, quando o grau de dependência é de moderado a forte, é necessário acompanhamento médico, com uso de medicação. Tabagismo é uma doença, tem até CID [Código Internacional de Doenças] e precisa ser tratado como tal. Alguns fumantes ocasionais, ou “de final de semana”, normalmente fumam por hábito e são mais resistentes ao vício porque metabolizam a nicotina de forma diferente. Muitas dessas pessoas conseguem largar o tabaco a partir de mudanças na rotina, usando pastilhas de nicotina, por exemplo. Mas são os casos mais raros.

Fonte: http://www.dzai.com.br/blog/saudeparatodos

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