Pasta-base do crack vinda da Bolívia é refinada no Entorno do DF
A droga consumida no Distrito Federal é uma das mais perigosas entre as distribuídas no país. Uma análise feita pela Secretaria de Segurança Pública do DF revelou que a cocaína e o crack que chegam às ruas da capital do país vêm da Bolívia, onde o refino da pasta- base chega a usar até solução de bateria de carro. As investigações mostraram que a droga passa por Mato Grosso e é refinada no Entorno, sendo então vendida em Brasília. Com o perfil da rota já traçado, agora as autoridades pretendem identificar os chefes do tráfico e os pontos de distribuição no DF.
A droga consumida no Distrito Federal é uma das mais perigosas entre as distribuídas no país. Uma análise feita pela Secretaria de Segurança Pública do DF revelou que a cocaína e o crack que chegam às ruas da capital do país vêm da Bolívia, onde o refino da pasta- base chega a usar até solução de bateria de carro. As investigações mostraram que a droga passa por Mato Grosso e é refinada no Entorno, sendo então vendida em Brasília. Com o perfil da rota já traçado, agora as autoridades pretendem identificar os chefes do tráfico e os pontos de distribuição no DF.
Até então, a polícia do Distrito Federal acreditava que a droga que entra na região seria boliviana, mas o centro de distribuição seria São Paulo. No entanto, a partir do momento em que foi feito o Perfil Químico (Pequi), os resultados surgidos foram outros. “Nós decidimos fazer o DNA da droga e constatamos que ela é proveniente de Mato Grosso e o crack que chega a Brasília é fabricado em laboratórios em Goiás”, afirma o secretário de Segurança do DF, Daniel Lorenz de Azevedo. Para fazer chegar à região, o narcotráfico usa várias rotas, mas a principal é por via terrestre.
Lorenz confirma que o levantamento do perfil do crack distribuído no Distrito Federal ajudará na identificação de traficantes e distribuidores da droga. Isso se dá com a análise dos produtos químicos usados não apenas no refino, mas também durante o “batismo”, onde outras substâncias são adicionadas para dar mais volume ao pó. Um quilo de pasta-base de cocaína — o subproduto também dá origem às pedras de crack — pode render até mais quatro quilos. Muitas vezes a mistura já é feita nos laboratórios bolivianos, mas quando chegam ao Brasil são novamente manuseados e acrescidos de novos produtos.
Nos dois últimos anos, a Polícia Federal (PF) identificou que o tráfico de drogas não estava mais centralizado em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste, ou nos estados do Norte do país. Em agosto de 2009, o Correio publicou uma série de reportagens sobre o assunto, depois da descoberta de pistas clandestinas no interior do estado. Meses depois, um avião com mais de 150 quilos de cocaína quase foi abatido por uma caça Supertucano da Força Aérea Brasileira (FAB) e fez um pouso forçado em Luziânia.
A cocaína oriunda da Bolívia é uma das piores entre os três países produtores — os outros dois são Peru e Colômbia. Isso porque o refino é feito com substâncias alternativas. Os produtos químicos, como acetona, éter e ácido clorídrico, que ironicamente eram exportados pelo Brasil, foram substituídos por cal, cimento, solução de bateria de carro, querosene, gasolina e até hormônio para a engorda de gado. Quando ela chega aos laboratórios rústicos em Goiás, a droga sofre novas transformações, tornando-se cada vez mais perigosa não apenas pelo teor alucinógeno, mas também pelas substâncias misturadas ao pó.
Eixo Brasília-Goiânia
O secretário de Segurança do DF ressalta que a proximidade e a proliferação dos locais de refino fizeram aumentar o consumo não apenas em Brasília e no Entorno, mas também em Goiânia. “Em qualquer lugar dá para montar um laboratório rústico”, afirma Lorenz. Os produtos químicos também podem ser facilmente substituídos por outros alternativos. Nos últimos anos, as polícias Civil e Federal têm observado uma maior circulação das pedras de crack na região. Muitas, vindas diretamente da Bolívia, que anteriormente só negociava com a pasta-base.
O Pequi foi desenvolvido pela Polícia Federal e as análises podem, ainda, mostrar as condições de transporte — o que permite levantar as possíveis rotas por onde a droga passou — e, finalmente, o grau de pureza do pó. Todas as informações são cruzadas com investigações em andamento e isso possibilita obter prováveis conexões entre quadrilhas e fornecedores. Além do Distrito Federal, o teste só pode ser feito no Amazonas, no Acre, em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná, estados que fazem fronteira com a Bolívia.